No começo do ano, as escolas estaduais do
Piauí passaram por uma forte greve que tingiu praticamente todas as cidades do
estado. Foram mais de dois meses de uma paralisação e de uma intransigência
constante do governador Wilson Martins (PSB), que se negava a negociar e
apresentar uma proposta que atendesse às necessidades da categoria.
Mais recentemente, no mês de maio, os
professores federais iniciaram uma greve que hoje já atinge quase 90% das
instituições federais de ensino superior do país e conta ainda com o apoio dos
estudantes, que se organizam em um Comando Nacional de Greve Estudantil - CNGE,
com quase 40 instituições em greve estudantil.
Essa semana os professores da UESPI
ratificaram o inicio da greve por tempo indeterminado e rejeitaram por ampla
maioria a proposta do governo, que promete para este ano um reajuste escalonado
de apenas 10%, divididos em duas parcelas. Os docentes reivindicam o piso
estabelecido pelo DIEESE (R$2300) ou no mínimo um reajuste de 37%, como
proposta feita anteriormente pelo governo.
Assim, o segundo semestre de 2012 já inicia
com uma greve que aponta ser uma das maiores da instituição, ao mesmo tempo em
que 39 categorias do funcionalismo público federal também deflagraram greve.
Todos esses exemplos demonstram o descontentamento dessas categorias com os
governos, tanto em nível estadual quanto federal.
Nas escolas e universidades, essas greves são
reflexos da falta de prioridade dos governos com a educação. Hoje é investido
menos de 5 % do PIB (toda a riqueza produzida pelo país) na educação, enquanto
47% são destinados para o pagamento da divida pública, para os grandes
banqueiros nacionais e internacionais.
Na UESPI, desde 2010 estudantes e professores
travam uma forte campanha em defesa da universidade - Campanha SOSUESPI –, que
trouxeram grandes conquistas para a instituição. Entretanto, a condição de
trabalho dos docentes e nossas condições estruturais para uma educação pública
de qualidade ainda estão bastante comprometidas. No interior a falta de
estrutura e qualificação profissional dos docentes é um grande problema. Em
algumas cidades a universidade acaba funcionando como um grande escolão onde,
sem incentivo à pesquisa e extensão, os estudantes acabam não usufruindo do
tripé básico da universidade e têm apenas o ensino como possibilidade de
formação.
É importante perceber isso para entendermos o
cenário onde essa greve se instaura. Um cenário de descaso com a educação
pública e de condições precárias de estrutura, ensino e condições de trabalho
aos docentes. Por isso é fundamental que os estudantes da UESPI, assim como os
estudantes das instituições federais, estejam na construção dessa greve, não só
apoiando os professores, mas também deflagrando greve, apresentando suas
próprias pautas de reivindicação.
A ANEL (Assembléia Nacional de Estudantes –
Livre), entidade nacional de representação estudantil, que surgiu em 2009, como
uma alternativa à União Nacional dos Estudantes – UNE, que há quase duas
décadas vem colocando de encontro às reivindicações estudantis e apoiando os
projetos do governo, apoia esta greve, mas também acredita que tão importante
quanto apoiar a greve é construirmos, de forma conjunta e democrática, as
pautas de reivindicação estudantil.
Por isso neste momento de Greve deflagrada em
vários campi da UESPI, nós defendemos e propomos que os estudantes realizem
assembleias para deflagração da greve discente e criação de um COMANDO ESTADUAL
DE GREVE ESTUDANTIL, que tenha como base o CNGE dos estudantes das instituições
federais. Este deve ser um organismo especial de condução da greve na UESPI,
funcionando de modo independente, sem o financiamento de empresas, governos e
reitorias, com representantes eleitos em assembléias estudantis e que todos os
campi apontem suas demandas especificas. Deve ser um espaço aberto e amplamente
democrático, de modo que possamos juntar nossas pautas e construir uma greve
unificada em todo o estado.
Comissão Executiva Estadual da ANEL
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