quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

NÃO NOS RENDEMOS A REPRESSÂO. A LUTA CONTRA O AUMENTO CONTINUA!

“ Mãos ao alto, R$ 2,10 é um assalto”


Há anos a população teresinense é refém da máfia entre a prefeitura e os empresários do SETUT (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina). Uma política mesquinha, que se usufrui de uma necessidade imprescindível, para extorquir o bolso da população trabalhadora, fortalecer o regime de exploração e enriquecer uma minoria privilegiada dona de 13 empresas, que se mantém detentora do poder, através do financiamento das campanhas eleitorais municipais da capital.

A população de Teresina, principalmente a juventude, em 2011 foi as ruas dizer não a esse jogo político sujo. “Mãos, ao alto! Barramos o assalto!”, gritavam milhares de estudantes e trabalhadores/as nas ruas, no dia 2 de setembro de 2011, após a conquista histórica que fez o prefeito Elmano Férrer (PTB) recuar e suspender o decreto que estabelecia o aumento do preço da passagem de R$ 1,90, para R$ 2,10. O gesto de rendição (mãos ao alto), com tom de ironia, marcou os cinco dias consecutivos de manifestação (manhã, tarde e noite), conhecido como a Semana dos Indignados.

Uma luta heroica, que entrou para a história do Piauí e se espalhou como motivação para todo o resto do Brasil. Uma vitória que hoje é exemplo e inspiração para o movimento estudantil e a resistência em diversas outras cidades ao redor do país. Essa luta não é símbolo apenas da indignação e da vontade de mudança que ferve nas veias da juventude e dos (as) trabalhadores(as), mas também é exemplo do que a organização e unidade entre os estudantes e os setores combativos da classe trabalhadora podem fazer para transformar essa realidade angustiante.

Com o anúncio do aumento da tarifa da passagem de ônibus em junho de 2011, a Central Sindical Popular (CSP-Conlutas), juntamente com a Assembleia Nacional de Estudantes - Livre (ANEL), convocou diversas entidades estudantis, sindicais, movimentos populares e ativistas independentes, para compor o Fórum Estadual em Defesa do Transporte Público. Através da unidade em torno dessa ampla organização, aglutinando os mais diversos setores dos movimentos sociais em torno dessa única pauta (transporte público) foi possível congelar por três meses (junho, julho e mais da metade de agosto) o aumento da tarifa.

 Foram meses de manifestações, que culminou na semana dos indignados, reunindo mais de 30 mil estudantes e trabalhadores nas ruas, paralisando toda a cidade. Os indignados conquistaram o apoio da maioria da população, furaram o bloqueio da grande mídia através do boca a boca e das redes sociais e ganharam repercussão nacional pela radicalização do processo responsável pela conquista da redução da tarifa de ônibus.

O prefeito Elmano (PTB) não aprendeu a lição. Mantendo sua aliança com os empresários do SETUT, utilizou uma de nossas reivindicações, a auditoria das empresas de transporte, para justificar o aumento da tarifa. Iniciou-se então uma auditoria totalmente fajuta nas planilhas de ônibus, que escondeu o lucro dos empresários e utilizou de dados defasados para justificar o valor de R$ 2,10, mesmo com as constantes denúncias do Fórum e do Ministério Público.

No fim do ano, a prefeitura e o SETUT se dirigiram a população anunciando uma falsa integração para tentar conformar a população com o aumento da passagem.  A integração implementada simplesmente não existe.  Não foi construído nenhum terminal, para ser utilizada é preciso adquirir um cartão eletrônico que contabilizará uma passagem inteira na primeira viagem e uma meia passagem na segunda, isso com o intervalo de apenas uma hora. Além de pagar uma meia passagem no segundo ônibus, essa "integração" só atende 35% dos usuários de ônibus e ainda foi reduzido o número de paradas. Isso não é integração, é enganação!

O aumento da tarifa junto com a implementação do novo sistema aconteceram no dia 02 de janeiro, período de férias, véspera do recesso. Um verdadeiro golpe da prefeitura para evitar novas manifestações. Mas, isso não impediu as mobilizações. Desde o dia 02, os estudantes já estão nas ruas, denunciando a aliança de Elmano com o Setut e lutando por uma verdadeira integração e a redução do preço da passagem para R$ 1,75.

Conforme as mobilizações avançam, a repressão da Polícia Militar se manifesta, enviada pelo governador Wilson Martins (PSB), sob o mando da prefeitura e dos empresários do setor de transporte. A PM ainda pôde contar com a ajuda de 17 seguranças da empresa CetSeg, contratados pelo SETUT, para perseguir e amedrontar os estudantes.

Na última terça-feira (03/01), uma militante secundarista da ANEL foi baleada durante a ação, dezenas de estudantes foram feridos e 18 presos. A criminalização da organização dos/as estudantes e trabalhadores é nítida, demonstrando que ocorre em Teresina o mesmo que ocorre em todo o Brasil, como exemplo recente de São Paulo, quando  72 estudantes foram presos, alguns covardemente espancados e 6 foram expulsos da USP (Universidade de São Paulo) durante processos de manifestação. As cenas lembram o período da Ditadura Militar.

Mas, não nos calamos diante da repressão! A ANEL e a CSP-CONLUTAS afirmam a necessidade da continuidade das mobilizações, até a municipalização do transporte coletivo ea conquista do passe-livre para estudantes e desempregados. TODOS/AS À LUTA!

 - Por uma verdadeira integração e redução do preço da passagem!

- Contra as prisões arbitrárias nas manifestações. Não à criminalização dos movimentos sociais e dos/as manifestantes!

- Passe Livre já para estudantes e desempregados/as!

- Pela criação imediata de uma Empresa Pública Municipal de Transportes


Um comentário:

  1. Muito legal o texto, pois reflete bem a situação injusta que covardemente nos colocaram. Fico muito indignado com a covardia desses corruptos de falarem com a cara de pau na mídia que esse é um sistema divino e que a população tem é que agradecer... Será que teremos que queimar outro ônibus para que eles vejame que a população não está de brincadeira? No entanto, quanto a essa parte de passe-livre para estudantes e desempregados, fico com o pé atrás, porque de um jeito ou de outro, somos nós (estudantes) que sustentamos esse sistema fajuto. Já o passe para desempregados eu não concordo, pois conheço váris vagabundos que gozam de plena saúde física e mental, e só não trabalham por preguiça, não porque não conseguem. "Nesse caso", estes desempregados (vagabundos)teriam passe livre, enquanto os trabalhadores honestos teriam que ralar para conseguí-lo? Realmente, com base nesse argumento, sou totalmente contrário ao passe livre para desempregados!

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